Posição da CDU sobre concessão do Mercado Ferreira Borges
- A CDU – Coligação Democrática Unitária já teve a oportunidade de manifestar a sua oposição à sanha privatizadora/concessionadora de Rui Rio e da coligação PSD/CDS relativamente a equipamentos, edifícios e serviços. Essa sanha, longe de se basear no interesse público, procura dar corpo a uma visão ideológica de que tudo o que é privado é bom e que os poderes públicos não têm competências nem capacidades para bem gerirem a causa pública.
- Relativamente à concessão do Mercado Ferreira Borges, para além da contestação a um plano global de privatizações/concessões (Palácio do Freixo, Bolhão, Rivoli, Rosa Mota, Bom Sucesso, Ferreira Borges, serviços de limpeza e manutenção dos espaços verdes dos bairros municipais), a CDU lamentou que, para o principal equipamento municipal do Centro Histórico do Porto, a Câmara se abstivesse de definir uma orientação, deixando à iniciativa privada o estabelecimento do seu programa de ocupação.
- Para além da demonstração de falta de estratégia municipal para o Centro Histórico, esta opção revelava-se um risco, na medida em que as propostas a apresentar poderiam ser completamente desadequadas àquilo que a CDU considera ser uma utilização positiva e integrada numa política de dinamização do centro histórico do Porto.
- Este risco ficou demonstrado pelo facto de apenas se ter apresentado um concorrente ao concurso, o que aumentou a dependência do Município relativamente ao conteúdo da sua proposta.
- No entanto, analisada a mesma, verifica-se que a proposta apresentada pelo Hard Club está bem estruturada e apresenta um plano de ocupação multifacetado do mercado Ferreira Borges, susceptível de constituir uma mais valia para o Centro Histórico e para a cidade.
- Importa, no entanto, acautelar que, efectivamente, esse projecto se concretiza, não vindo a sofrer entorses de diversa natureza, designadamente por força da menor capacidade financeira do concorrente e/ou do incumprimento das expectativas em termos de adesão dos potenciais clientes que o plano de negócios estabelece.
- Por outro lado, há aspectos da proposta que não podem deixar de merecer a preocupação da CDU, designadamente:
· O facto de não estarmos na presença de um projecto arquitectónico de execução, mas apenas perante um conceito que terá de ser validado, designadamente pelo IGESPAR e pelos próprios serviços da Câmara, o que significa que poderá haver alterações significativas ao próprio conceito;
· O facto de se preverem actividades ruidosas em horários alargados (designadamente à 6ª e ao Sábado, em que o horário de encerramento é às 4h), num edifício que, reconhecidamente, não constitui uma barreira acústica, numa zona sensível do ponto de vista do número de habitantes e de equipamentos (nomeadamente uma Casa de Saúde) e numa área já muito martirizada pela animação nocturna;
· O facto de o projecto não prever uma articulação com as inúmeras e dinâmicas colectividades do Centro Histórico, abrindo-lhes as portas para o desenvolvimento da sua actividade.
- Face a estas preocupações, a CDU propôs as seguintes medidas:
· Que o projecto final, antes de aprovado pelo Município fosse sujeito à apreciação e aprovação do órgão Câmara Municipal do Porto;
· Que a aprovação de qualquer projecto fosse condicionada à apresentação de estudos que garantam que o nível de incomodidade sonora das actividades desenvolvidas no edifício não ultrapassam os limites legais;
· Que a Câmara Municipal do Porto assumisse que até 75% das horas que lhe são disponibilizadas nos diversos espaços do Mercado Ferreira Borges fossem atribuídas às colectividades do Centro Histórico, de acordo com um plano anual de utilização.
- Dado que estas propostas foram globalmente aceites, e em coerência com a votação que assumiu aquando da apreciação desta concessão, a CDU absteve-se nesta votação.