CDU contra a política de abandono e desertificação do Bairro do Leal

Rui Sá, vereador da CDU, discorda do actual projecto da autarquia para a reabilitação deste bairro, no qual, segundo o mesmo, serão construídas habitações sociais para alojar moradores do Aleixo. O processo de realojamento dos moradores deste antigo bairro operário começou há cerca de seis anos. Hoje, segundo o secretário da associação dos moradores, Aurélio Simões, já só lá vivem cerca de vinte pessoas. Quando a associação foi criada, depois do 25 de Abril, viviam cerca de 600.

Um projecto de recuperação, elaborado pelos arquitectos Sérgio Secca e Sónia Silva, de acordo com o qual os moradores seriam temporariamente realojados em habitações camarárias, na mesma zona, enquanto o bairro era reabilitado, terá sido “deitado ao lixo” pelo actual executivo camarário, afirma o vereador comunista.

“A solução que é preconizada pelo dr. Rui Rio, que é uma permuta no âmbito do Bairro do Aleixo, não nos parece ser a melhor política. Principalmente, parece-nos ser, do ponto de vista social, injusto. Que é pegar em pessoas que moram aqui há dezenas de anos e afastá-las para os bairros, e colocar aqui moradores que nunca aqui viveram e que não estão aqui enraizados”, critica.Sobre o realojamento de moradores do Aleixo para o Bairro do Leal, o membro da assembleia da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso da CDU, Elísio Branco, afirma não saber mais do que “aquilo que veio nos jornais”, ou seja, “que, com a demolição das torres do Aleixo, as pessoas iriam ser espalhadas por alguns sítios, entre os quais o Bairro do Leal”.

Desde 2004 que a câmara tem vindo a propor o realojamento de alguns moradores, devido à deterioração das habitações. As casas, entretanto desocupadas, foram entaipadas recentemente para combater problemas de ocupação indevida, muitas vezes relacionada com a toxicodependência. Rui Sá teme que os atrasos na tomada de uma decisão possam levar a que os antigos moradores já não queiram regressar. “O tempo vai passando e, depois, corremos o risco de as pessoas que entretanto saíram já não quererem regressar porque se enraizaram noutros locais”, alerta.

A situação no bairro é descrita como um “erro de política camarária”. “Há moradores que saíram daqui e as suas casas ainda estão ao alto; há moradores de habitações privadas que foram realojados pela câmara e as suas casas foram ocupadas; há casas que os próprios proprietários não se importavam de negociar com a câmara, e a câmara não dá cavaco nenhum. Portanto, há aqui nitidamente uma situação de abandono”, enuncia o vereador.

Notícia do jornal Público

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