Os eleitos da CDU fazem a diferença
Leia aqui o artigo publicado no jornal Público de 20.02.2009, da autoria da jornalista Patrícia Carvalho, sobre o trabalho desenvolvido pelo vereador da CDU na Câmara Municipal do Porto e pelos restantes eleitos nos orgãos autárquicos.
Rui Sá, por que é que se fala tanto dele?
Patrícia Carvalho, Público 20.02.2009
O vereador da CDU apresentou 24 propostas em 2008 e o PS apenas uma. Desde o início do actual mandato e até ao final de Janeiro, Rui Sá fez 79 visitas a vários locais da cidade
Não restam muitas dúvidas. Se se fizesse um levantamento do nome mais citado no noticiário sobre a cidade do Porto, há um que sobressairia: Rui. Podemos especular se seria Rui Rio ou Rui Sá, mas tendo em conta que o primeiro é o presidente da câmara da segunda cidade do país e o último o único vereador da CDU no executivo da mesma autarquia, temos mesmo que perguntar: por que é que se fala tanto de Rui Sá? Fomos à procura da resposta.
Podemos começar pelos factos. Por aqueles mesmo crus – os números. As reuniões de câmara são a montra ideal para os partidos exporem as suas ideias para a cidade e a diferença de opiniões. Com a agenda a cargo da maioria, sobra o período de antes da ordem do dia para a oposição levantar questões ou apresentar propostas. No ano passado, nesta fase dos trabalhos, o vereador da CDU apresentou 24 propostas, 15 das quais foram aprovadas. Em todo o ano de 2008, o PS apresentou apenas uma.
A discrepância entre os dois partidos da oposição repete-se em todos os anos deste mandato eleitoral. Em 2007, a CDU apresentou 31 propostas e o PS seis; em 2006, enquanto o comunista levou ao executivo 19 propostas, os socialistas ficaram-se por cinco; e no primeiro ano do mandato, entre os meses de Outubro e Dezembro de 2005, a CDU levou cinco propostas às reuniões de câmara, ficando-se o PS por uma. Este ano, até ao final do mês de Janeiro, o PS ainda não tinha apresentado qualquer proposta, enquanto Rui Sá já submeteu à votação do executivo três documentos.
“Estilo diferentes”
A juntar a isto, há as visitas de domingo, que já se tornaram uma tradição no trabalho dos jornalistas ao fim-de-semana. Desde o início do mandato e até ao final de Janeiro, Rui Sá fez 79 visitas. Muitas, como o próprio reconhece, nascem dos casos que ouve nas tardes de terça-feira, dedicadas a receber os munícipes. Há repetentes, por isso o vereador frisa que o número se refere “a atendimentos” e não a indivíduos. Neste mandato, o gabinete do vereador comunista assistiu a 1545 atendimentos. Mas, voltando às visitas, para hoje mesmo o vereador comunista tem planeada mais uma, ao bairro social da Arrábida. O objectivo é “denunciar a degradação acentuada de uma parte significativa dos imóveis” daquele espaço e o mais provável é que, no final, seja anunciada uma nova proposta a ser levada à próxima reunião do executivo, já na terça-feira.
E o que acha o PS disto tudo? O líder da oposição socialista na câmara, Francisco Assis, diz que “não há nenhuma concorrência de protagonismo” entre os partidos da oposição, e acrescenta: “Em termos de divulgação das nossas posições [na comunicação social] não temos nenhuma razão de queixa, mas sei que quando se faz uma oposição um bocadinho mais radical é mais interessante ao nível noticioso.” Para Assis, é nesta forma distinta de fazer oposição que se explica a facilidade de Rui Sá em chegar às páginas dos jornais. “São estilos completamente diferentes. O nosso é mais institucional, assenta menos em visitas e mais nos momentos em que se discutem as questões essenciais”, diz o socialista, frisando que o modo de fazer política de Rui Sá é inerente ao PCP. “Esse protagonismo tem que ver com a forma de fazer política do vereador, que também é própria de um partido, com posições muito mais limitadas que o meu, que tem ambição de liderar a Câmara do Porto. São ambições diferentes que levam a posições diferentes.”
Rui Sá é o mais antigo membro do executivo camarário (completa dez anos de vereação em Maio), além de ter sido deputado municipal entre 1983-89 e de 1993 a 1998. No mandato anterior, quando Rui Rio não tinha conseguido a maioria, aceitou ser vereador do Ambiente e, por isso, foi acusado de se coligar com o PSD e o CDS-PP. Uma acusação que sempre recusou, garantindo: “Não me restringi a ser o vereador do Ambiente, acumulando essa função com a de vereador da CDU que tem responsabilidades na sua actividade autárquica.”
Questionada sobre a visibilidade de Rui Sá, a maioria PSD/CDS-PP da Câmara do Porto considera, numa nota assinada pelo vice-presidente da autarquia, Álvaro Castello-Branco, que o trabalho do vereador não justifica o número de vezes que é citado nos noticiários locais. “O sr. vereador Rui Sá tem um destaque nos jornais bem superior ao que devia ter em função da sua actuação concreta em prol da cidade.”