Dar voz às justas reivindicações das gentes do Porto
Na sexta-feira, dia 14 de maio, e com a presença do Secretário-geral do PCP, a Praça D. João I foi palco para a apresentação pública de Ilda Figueiredo e Rui Sá, respectivamente, candidatos da CDU à presidência da Câmara e da Assembleia Municipal do Porto.
Perante mais de uma centena de pessoas, Rui Sá começou por lembrar que a CDU, no actual mandato que agora termina, com apenas três eleitos na Assembleia Municipal do Porto, foi a força política que se destacou «pela capacidade de intervenção, pela credibilidade das propostas, pelo respeito granjeado pelos seus deputados municipais», características que advêm de «uma profunda ligação às pessoas e uma cultura enraizada de, identificados os problemas, elaborar propostas construtivas e exequíveis para a sua resolução».
O candidato anteviu ainda um próximo mandato «complexo» para o Porto e para a sua população, mas também para o município. «Continuaremos a pagar caro a errada política de Rui Moreira de aposta na monocultura do turismo, que, por força das sequelas da pandemia, tão cedo não regressará», sublinhou, prevendo que «muitas empresas do sector do comércio e dos serviços» não vão reabrir, o que levará ao aumento do desemprego e ao abandono de inúmeros espaços.
«Esta crise social e económica lançará (já está a lançar) inúmeras famílias para a miséria e o desespero, com a perda de habitações por manifesta incapacidade de pagarem as rendas ou os empréstimos bancários. Também a diminuição da actividade económica levará, tal como aconteceu em 2020 e está a acontecer em 2021, a uma significativa diminuição das receitas municipais», constatou.
Neste sentido, «é necessário que o município tenha eleitos com sensibilidade social para propor e adoptar políticas que vão de encontro às necessidades dos mais desfavorecidos, designadamente em matéria habitacional e de apoios sociais», assegurou Rui Sá.
Propostas para o concelho
Sobre o actual mandato, Ilda Figueiredo deu a conhecer algumas «mudanças e apoios», propostos pela CDU, que «melhoraram um pouco a situação de moradores, associações e trabalhadores, incluindo da autarquia». São disso exemplo a criação do fundo municipal de apoio ao associativismo popular e a linha de emergência; a redução de IMI para moradores em casa própria e a isenção para as habitações das associações de moradores; as propostas na defesa da dinamização desportiva e cultural, do património e de equipamentos diversos; a redução do horário de trabalho para as 35 horas dos trabalhadores da EM Águas do Porto; as propostas de reabilitação de habitações e de património; a defesa de equipamentos colectivos e de valências sociais públicas; a reabilitação de espaços públicos e de ajardinamentos; a melhoria de circulação, mobilidade, segurança rodoviária e iluminação pública; a redução, durante a epidemia, de rendas para os comerciantes em equipamentos municipais situados nos bairros; a perseverante insistência na defesa dos moradores sobretudo nas zonas mais carenciadas; a defesa da cidade e do seu património contra a especulação imobiliária.
Para os próximos quatro anos, a candidata falou na necessidade de reposição e melhoria dos serviços públicos e defendeu o «fim das concessões», incluindo no estacionamento. Reclamouainda por «melhores transportes», manifestou «apoio e solidariedade às lutas por salários dignos e trabalho com direitos, incluindo dos trabalhadores dos municípios e das suas empresas municipais» e uma «habitação condigna» para todos. Nas suas palavras, não foram esquecidos os micro e pequenos empresários, os trabalhadores da cultura e animação, do comércio e da restauração.
«É preciso também dar particular importância às associações e colectividades, que procuraram colmatar deficiências de políticas públicas em áreas tão importantes como a cultura, o desporto, a animação e aproveitamento de tempos livres, a inclusão social e territorial», destacou Ilda Figueiredo.
No final, prometeu prosseguir o «trabalho de estreita ligação às populações», levando para a Câmara Municipal o «pulsar da cidade e das suas gentes».
Candidatos com provas dadas
Para o Secretário-geral do PCP, Ilda Figueiredo e Rui Sá são o exemplo da «postura e intervenção distintiva dos autarcas da CDU no Poder Local» e portadores de «uma grande capacidade de realização e competência».
«Dois candidatos com capacidade e prontos a assumir todos os desafios que se colocam ao desenvolvimento não apenas do concelho, da sua cidade, mas também de toda esta região que tem o Porto como uma referência nos combates que é preciso continuar a travar por uma efectiva e real descentralização e dignificação do Poder Local», afirmou, destacando a «permanente ligação» dos dois candidatosàs populações, aos trabalhadores, às colectividades, às instituições e aos comerciantes da cidade.
«Provaram isso ao longo do mandato que agora vai cessar. Foram centenas de contactos, conversas, visitas, reuniões, muitos deles a partir do Gabinete da CDU que os eleitos há vários anos mantêm em funcionamento e que recebe centenas de pessoas todos os anos», valorizou Jerónimo de Sousa.
Na sua intervenção, o dirigente comunista frisou que a CDU é a «força alternativa» ao PSD, CDS, PS e BE, recusando-se «esconder-se sob falsos projectos ditos “independentes”, que, a coberto de lista de cidadãos eleitores, acolhem na maioria dos casos disfarçadas coligações, arranjos partidários ou instrumentos para promover interesses económicos ou ambições pessoais».
Defendeu, de seguida, a criação das Regiões Administrativas, «sucessivamente adiada pela mão de PS, PSD e CDS», e considerou o chamado processo de democratização das CCDR, que uniu aqueles partidos, de «manobra para iludir e justificar a ausência da regionalização».
«Ao invés do reforço dos seus meios» o Poder Local vê-se «confrontado com um processo de transferência de encargos que, em nome de uma falsa descentralização, visa desresponsabilizar o Estado em domínios e competências que lhe são cometidas, contribuindo não para a resposta e efectivação de direitos, mas para a criação de situações de desigualdade de acesso em funções universais, como as da saúde, educação e protecção social», acusou.