A Feira do Livro do Porto não se vai realizar pelo segundo ano consecutivo
A repetição da não realização da Feira do Livro do Porto é profundamente negativa para a vida cultural da cidade e da região do Porto
Em Abril de 2013, foi tornada pública a confirmação da não realização nesse ano da 83ª edição da Feira do Livro do Porto. Agora, em Fevereiro de 2014, repete-se o mesmo desfecho.
Este facto corresponde a mais um retrocesso em matéria da oferta cultural na cidade e na região do Porto, interrompendo, novamente, a regularidade anual daquele que é um dos maiores eventos literários do país. A Feira do Livro do Porto, para além da habitual oferta de dezenas de stands de editoras e outras entidades, promove a oferta de inúmeras sessões, apresentações, debates e projecções de filmes. A Feira do Livro, ao longo dos anos, transformou-se numa saudável rotina da cidade do Porto, envolvendo agentes literários e culturais, escolas e instituições diversas, contando com dezenas de milhares de visitantes.
Na origem das dúvidas da realização da 83ª Feira do Livro do Porto em 2013 esteve o término em 2012 de um protocolo de apoio da Câmara Municipal e a ausência de um entendimento entre a autarquia e a APEL – Associação Portuguesa dos Editores Livreiros. A sua não realização em 2014 é justificada por motivo análogos.
Durante a campanha eleitoral das últimas eleições autárquicas, as candidaturas de Rui Moreira/CDS e do PS declararam pretender retomar a realização anual da Feira do Livro do Porto. Tal foi dito e repetido em diversas declarações públicas. O programa eleitoral do PS inscreve mesmo como compromisso para uma política cultural da cidade “Assegurar a realização da Feira do Livro todos os anos”.
Durante os mandatos de Rui Rio/coligação PSD/CDS a hostilização dos agentes culturais e da Cultura em geral foi uma lamentável imagem de marca. A eleição de Rui Moreira para Presidente da Câmara e a responsabilização de Paulo Cunha e Silva como Vereador da Cultura foi acompanhada de muitas afirmações de uma nova política municipal para a Cultura, suportada numa ideia da sua adequada valorização. No entanto, infelizmente, nestes primeiros cinco meses de mandato não há razões para concluir que tal se verificou. Veja-se a confirmação do despejo da Seiva Trupe, a redução efectiva de 120 mil euros para a Dinamização Cultural no Orçamento municipal para 2014, a indefinição em relação ao futuro dos teatros Rivoli e Campo Alegre, a que se soma a repetição da não realização da Feira do Livro. Também na área da Cultura, as declarações de mudança ainda não tiveram consequências em alterações concretas de políticas.
A CDU – Coligação Democrática Unitária, reiterando a importância da Feira do Livro do Porto e a existência de tempo útil disponível para inverter a situação, sublinha a necessidade de um entendimento entre a Câmara do Porto, a APEL e outros agentes culturais para a superação dos motivos que estão na origem do actual impasse que coloca em causa a realização da Feira do Livro do Porto em 2014.
Porto, 26 de Fevereiro de 2014
A CDU – Coligação Democrática Unitária / Cidade do Porto