O encerramento do Parque do Campo Alegre deve ser precedido duma alternativa

 

Há quatro semanas, quando o Vereador da CDU alertou, em reunião da Câmara, para a anarquia no trânsito e no estacionamento na zona envolvente à Maternidade Júlio Dinis, Rui Rio, encolhendo os ombros, disse que nada podia fazer e que o mais preocupante é que, não obstante a situação, se tinha autorizado, no passado, a construção de grandes empreendimentos na zona e que os mesmos se continuavam a construir à revelia da Câmara (referindo-se à construção de novos edifícios universitários no terreno do ex. CICAP).

Ou seja, e como de costume, Rui Rio procurava sacudir a água do capote em vez de encarar o problema de frente e tentar medidas para o eliminar ou, pelo menos, minimizar.

Não obstante este discurso, Rui Rio decidiu incluir os terrenos municipais onde está instalado o parque de estacionamento do Campo Alegre na permuta resultante do negócio do Parque da Cidade. Este facto particular mereceu a preocupação da CDU – para além da oposição ao modelo de negócio proposto, já que defendeu o recurso a um empréstimo, mantendo os terrenos na posse do Município – dado que considerava importante a manutenção daquele parque de estacionamento.

De facto, o parque de estacionamento do Campo Alegre é um dos mais periféricos existentes na cidade do Porto (situa-se numa das mais importantes entradas do Porto), serve o pólo 3 da Universidade do Porto e dá apoio a uma importante zona de serviços e comércio (a prová-lo, o facto de vários restaurantes e instituições terem avenças com o parque para apoio aos seus clientes e funcionários). Em consequência, este parque tem uma elevada taxa de utilização, sendo diariamente usado por centenas de viaturas e servindo, durante a noite, para apoio a moradores (que também têm contratos de avença). O facto de se situar nas proximidades de uma projectada estação de metro da futura linha do Campo Alegre também a aumenta a sua relevância, dado que poderia servir de interface para automobilistas que, depois, se deslocassem para as restantes zonas da cidade.

Nos últimos dias tem vindo a ser feitos contactos com alguns desses utilizadores, transmitindo que o terreno já teria sido adquirido por uma empresa ligada a um dos grandes grupos nacionais da construção civil e que, a partir de Março, os contratos não seriam renovados. Em complemento com estes contactos, as tabelas de basquete e as balizas que tinham sido colocadas no parque há vários anos (e que serviam para a prática informal de desporto nas horas “mortas” da utilização do estacionamento) já foram retiradas.

Naturalmente que esta era uma consequência do negócio aprovado pela maioria PSD/CDS. Mas, o que é ainda mais lamentável é que Rui Rio (e, aqui, ao contrário do que acontece no Largo da Maternidade, a responsabilidade é exclusivamente sua) não tenha tomado quaisquer medidas para minimizar o impacto extremamente negativo que a desactivação do parque de estacionamento do Campo Alegre vai ter na zona envolvente, com centenas de viaturas que, de um momento para o outro, deixam de ter alternativas de estacionamento.

Nesse sentido, a CDU exorta a maioria PSD/CDS a, antes da concretização do encerramento do parque de estacionamento do Campo Alegre, proceder a uma análise de alternativas de estacionamento nas imediações, aproveitando, designadamente, terrenos municipais e/ou estabelecendo parcerias com a Universidade do Porto que também é proprietária de terrenos na zona.

Caso tal não aconteça, Rui Rio, uma vez mais, porá a nu a incoerência entre o seu discurso e a sua prática, contribuindo para a criação de mais um problema de mobilidade causado pelas suas incorrectas práticas urbanísticas.

Porto, 22 de Fevereiro de 2010

A CDU – Coligação Democrática Unitária / Cidade do Porto

 

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