Crónicas da Rádio – Opinião de Rui Sá: A Domus Social e a bilheteira
Crónica radiofónica emitida na Rádio Festival de 11 de Novembro de 2009
Nos últimos tempos chegou-me a informação de que a Domus Social, empresa municipal de habitação, tinha enviado, em plena campanha eleitoral, por correio e para vários moradores dos bairros municipais, bilhetes para os chamados concertos promenade organizados no Coliseu do Porto. E que esses bilhetes (3 por habitação) eram acompanhados por um cartão pessoal do Presidente da Câmara, onde Rui Rio escrevia, pelo seu próprio punho, a bonita frase “É com muito gosto que a Câmara lhe proporciona este momento de música clássica”…
Naturalmente que denunciei esta situação, afirmando publicamente que Rui Rio era uma espécie de Valentim Loureiro, mas mais sofisticado. E explicava esta afirmação, comparando que Valentim Loureiro tinha distribuído pessoalmente bilhetes à porta da Câmara, enquanto Rui Rio os tinha distribuído pelo correio com um cartãozinho; e que o Major ofereceu bilhetes para um concerto do Tony Carreira, enquanto Rio os ofereceu para um concerto de música clássica.
Face a esta acusação, Rui Rio veio logo dizer que já oferecia esses bilhetes há muito tempo, e que não tinha culpa de um dos concertos coincidir com o dia das eleições (curiosamente, Valentim Loureiro também disse que não tinha culpa que as festas do Município coincidissem com o período eleitoral autárquico).
A questão não é, naturalmente, essa. Até concordo que o Município do Porto adquira bilhetes dos concertos promenade para os distribuir pela população da cidade, designadamente por aquela que tem menos posses económicas. O que está em causa é que foi só no período eleitoral que Rui Rio decidiu distribuir massivamente os bilhetes pelo correio (juntando-lhes o seu cartãozinho…) quando, nos outros concertos, tal não aconteceu.
É evidente que o objectivo foi eleitoralista, procurando angariar uns votinhos à custa de uma oferta paga com dinheiros públicos. E esta situação é ainda mais vergonhosa quando se sabe que, recebendo os bilhetes em casa, sem os pedirem, muitos inquilinos municipais não foram aos concertos, o que implicou que os respectivos lugares ficaram vagos (enquanto pessoas que queriam assistir aos espectáculos não puderam comprar bilhetes porque a lotação estava esgotada!). Ou seja, dinheiro público deitado ao lixo para fins eleitorais e um péssimo serviço ao concerto que fica com a sala às moscas com gente à porta sem conseguir entrar!
Eis mais uma prova de que, afinal, entre o rigor e o eleitoralismo, Rui Rio opta pelo eleitoralismo…
Porto, 11 de Novembro de 2009
Rui Sá
Vereador da CDU na Câmara Municipal do Porto