XXº Passeio Convívio das Mulheres-CDU/Porto
Aniversário redondo. Vinte anos do tradicional, e absolutamente incontornável para muitos, Passeio das Mulheres CDU do Porto. O local escolhido foi a praia fluvial de Porto de Rei, em Resende, um espaço com uma beleza natural envolvente que, pela segunda vez, deliciou os participantes nesta iniciativa da CDU, realizada no domingo passado, 5 de Julho.
Pela manhã, à chegada àquela praia do Douro, os mais de 800 participantes vindo de autocarro e muitos outros que ali se deslocaram em transporte próprio, ou que vivem na região, ainda sentiram a forte chuva que caiu. No entanto, pouco depois, a chuva parou e o sol apareceu, permitindo os banhos naquela praia do Douro ou, em águas igualmente calmas, na piscina contigua ao parque de merendas.
Na decoração do parque, não faltavam os pendões da CDU 2009, acompanhados por motivos sanjoaninos, pendurados em todas as árvores. Não fosse este o Passeio das Mulheres da CDU… do Porto. Por todo lado podiam também ser observadas flores, que foram distribuídas às mulheres, cabendo aos homens um postal, como forma de assinalar o vigésimo aniversário do Passeio.
Esteve sempre presente o espírito de camaradagem, de partilha, de boa disposição e bom convívio que marca estas iniciativas. Desde a partilha do merendeiro, do copo de vinho, da fatia de bolo, todos os presentes, novos e velhos, mulheres e homens, transmitiam uma imagem de saudável convivência.
A chegada do Secretário Geral do PCP, quando já se dançava para, nas palavras dum animado conviva, “desmoer a refeição”, foi uma manifestação efusiva, de continuidade dos francos sorrisos que, transversalmente marcaram, ali, aquele domingo. Jerónimo de Sousa percorreu o parque de merendas, sempre recebido com alegria, e provando, aqui e ali, os petiscos que os convivas faziam questão de lhe oferecer. Bola de carne aqui, bolo de chocolate mais à frente, o Secretário Geral do PCP foi avançando, convivendo, entre abraços a velhos camaradas e amigos conhecidos, e apresentações a muitos dos presentes naquela iniciativa pela primeira vez.
Como habitual, quando passava pouco das quinze horas e trinta minutos, iniciou-se a intervenção política da iniciativa. Em cima do palco, era particularmente visível a alegria dos membros da Comissão das Mulheres CDU do Porto, organizadoras do Passeio. Com a subida de Jerónimo de Sousa ao palco, coube a Manuela Pereira da Comissão Organizadora a primeira intervenção, onde afirmou, agradecendo a participação de todos, que aquela iniciativa não se resume a “um mero pic-nic, mas sim a 20 anos em que as mulheres CDU do Porto se juntam à luta de todas as mulheres, em defesa e na promoção dos seus direitos, pela verdadeira igualdade no plano social, económico, político e cultural, e contra todas as formas de opressão, discriminação e violência”.
Fátima Monteiro, dirigente sindical e candidata à Assembleia da República pela CDU, lembrou na intervenção que se seguiu, que no contexto laboral actual “são as mulheres que têm mais dificuldades em usufruir os direitos”, mesmo aqueles “que estão consagrados na lei”, e são “as primeiras a ser confrontadas com o desemprego”. Fátima Monteiro exemplificou com a negação de direitos, nomeadamente, na sua área profissional, a enfermagem, “para o acompanhamento dos filhos em situação escolar ou de doença”. Para aquela candidata da CDU às eleições legislativas, o apelo ao voto passa por “pensar bem em quem defende os interesses dos trabalhadores”.
Rui Sá, membro do Comité Central do PCP e Candidato da CDU à Câmara Municipal do Porto, realçou o papel das mulheres na “constituição das comissões de moradores”, ou na “defesa dos seus interesses nas reuniões públicas da autarquia”. Relativamente à diferença de actuação política da CDU face aos outros eleitos, aquele dirigente comunista lembrou que apenas o vereador eleito da CDU tem “um gabinete de atendimento que está aberto a todas as pessoas que queiram falar com ele”, contrariamente aos outros, “que andam na rua em campanhas eleitorais a cumprimentar as pessoas, e que depois de serem eleitos se negam a recebê-las”. Bem como, exemplo categórico da diferença de actuação, o número das propostas apresentadas pela CDU na autarquia é cinco vezes superior ao número de propostas apresentado por todo o restante executivo municipal. Trabalho autárquico que Rui Sá diz só ser possível pelo contacto e auscultação às populações que a CDU leva a cabo constantemente. “As maiorias absolutas”,afirmou ainda Rui Sá, “são más para a cidade, como se prova que são más para o país”, e garantiu que, respeitando a vontade do povo do Porto, os eleitos da CDU cumprirão o seu mandato, independentemente de qual ele seja, como resultado das próximas eleições autárquicas.
Entre fortes vivas à CDU, Jerónimo de Sousa começou por agradecer a presença de todos que têm contribuído para a realização do Passeio das Mulheres CDU do Porto, extensível a todos que, numa altura de muitas dificuldades, optaram por participar naquela iniciativa que, considera o Secretário Geral do PCP, é já parte constante “do calendário da iniciativa política” da CDU.
Jerónimo de Sousa lembrou o resultado eleitoral para o parlamento europeu, resultado particularmente positivo nos distritos do Porto e Viseu, este último local da realização daquela iniciativa CDU, ao afirmar que, contrariamente aos “anunciadores e profetas da desgraça que davam a CDU a baixar”, “aqui está a CDU para durar, para crescer e para avançar com confiança!”
Em relação às eleições legislativas próximas, o Secretário Geral do PCP afirmou que “a questão de fundo com que o povo português está confrontado é saber se vamos ter mais do mesmo”, e desafiou a “procurar as diferenças” naqueles que têm governado o país nos últimos trinta e três anos. Para Jerónimo de Sousa, “o elemento novo é o reforço da CDU” para que seja possível “influenciar a alternativa política”.
“O governo PS”, acusou o Secretário Geral do PCP, “traiu as suas próprias promessas”. Governo esse que “deu 20 mil milhões de euros de garantia para ajudar os banqueiros a saírem da crise que eles próprios criaram”, e, em contraponto, “não se lembrou” dos “pescadores, agricultores e pequenos empresários”. Governo PS que, pela boca de José Socrátes, quando o PCP apontava a necessidade de “ajudar o nosso aparelho produtivo e a nossa produção nacional”, exclamava “deixem funcionar o mercado”, mas que agora diz que “não podemos deixar ao mercado a promoção das nossas pequenas e médias empresas”. “Tarde piaste”, acusou Jerónimo de Sousa.
Para que não se assista ao que Jerónimo de Sousa apelidou de “baile mandado entre PS e PSD”, aquele dirigente comunista elencou como objectivo “derrotar esta política de direita”, e “isso é possível com esta CDU”, afirmou. CDU diferente, afirma, “na forma de estar na política”, composta por “homens e mulheres normais” que “não estão a pensar em lugares para ter e para mostrar e para viver à conta”.
Esta é, considera Jerónimo de Sousa, referindo-se aos próximos actos eleitorais, a oportunidade para “o povo que tanto lutou, reforçar a CDU”. A oportunidade de levar a luta até ao voto!
Regina Vieira, microbióloga, residente em Ramalde, no Porto, membro do Executivo da Direcção da Organização da Cidade do Porto do PCP e responsável da comissão organizadora do Passeio das Mulheres CDU daquela cidade, tinha 8 anos aquando da realização do primeiro Passeio das Mulheres. Ao Avante exprimiu o trabalho, a motivação e as razões desta iniciativa anual.
20 anos do passeio da Mulher CDU. É uma iniciativa a crescer de ano para ano?
É uma iniciativa que, embora tendo tido sempre uma participação significativa, já teve oscilações. Mas pelo que tenho observado desde que faço parte da comissão, há 3 anos para cá, tem vindo a crescer. Em 2007 foram organizadas 10 autocarros, no ano passado 11, e neste ano, foram mobilizadas 13!
Como nasceu o Passeio das Mulheres CDU do Porto?
Existia uma comissão nos anos 80 com o nome de Comissão Unitária de Mulheres. Numa das reuniões regulares decidiram fazer uma iniciativa com o objectivo de permitir o convívio entre mulheres nesse mesmo âmbito unitário, nomeadamente com mulheres que não pertencessem ao PCP. Essa primeira realização foi na forma dum pic-nic, uma festa que, no início, foi então só com a presença feminina. Correu tão bem, e teve tão boa aceitação, que ficou decidido que esta comissão organizaria todos os anos, no 1º domingo de Julho, o Passeio das Mulheres. Quando se constituiu a CDU, a comissão passou a chamar-se Comissão das Mulheres CDU do Porto. Ficou então decidido que não seria um passeio onde participariam só mulheres, continuando no entanto a manter o nome, já que era organizado pela dita comissão. Os locais escolhidos teriam que reunir as características que permitissem um pic-nic, tal como no formato original, e que se tentaria diversificar ao máximo os locais onde o passeio se realizaria. Desde então já se fez o passeio em Arcos de Valdevez, Vilar de Mouros, Vila Nova de Cerveira, Vila Pouca de Aguiar, Braga, Amarante, Esposende, Ponte da Barca, Coimbra, Resende, etc… Desde o início manteve-se também a tradição esta iniciativa contou com a presença do Secretário Geral do PCP.
A realização desta iniciativa, que, tal como o nome indica, é de cariz feminino, continua a pretender lembrar e combater as desigualdades de género no País. No entanto, não é uma iniciativa fechada em termos temáticos?
Acima de tudo queremos festejar o ser mulher e pertencer à CDU! Trata-se de uma iniciativa política que pretende trazer até nós pessoas de outros quadrantes políticos e sociais, num espírito de festa, de convívio fraterno, onde, no comício, se fala dos problemas da nossa cidade, e do nosso país. Mais do que qualquer objectivo político da denúncia da problemática, que infelizmente ainda existe, da discriminação da mulher, temos pretendido mostrar que as mulheres da CDU estão envolvidas particularmente nos problemas políticos do país, e da nossa cidade, e que participam activamente na política que se faz na CDU!
Em relação à organização desta iniciativa, com quanto tempo de antecedência é que começa a preparação e quantas camaradas estão envolvidas? Como é feita a divulgação?
A preparação começa logo a seguir a realização da festa do Avante, ou seja em Setembro do ano anterior! Isto porque temos que escolher os locais que pretendemos e fazer contactos com as autarquias e juntas de freguesias para ver a disponibilidade dos mesmos e as condições asseguradas. Costumamos sempre realizar um pic-nic da Comissão de Organização em meados de Abril para levantamento de problemas a ser resolvidos e que, obviamente, também aproveitamos para a confraternização dos membros da Comissão!
A divulgação da iniciativa é feita boca a boca entre conhecidos, na freguesia, no bairro, no local de trabalho, com todos aqueles que, mesmo não sendo militantes do PCP, se identificam com a CDU, com as nossas propostas e maneira de estar. Evidentemente que a mobilização dos militantes do PCP é feita nas comissões de freguesia e entre camaradas de outras organizações. Uma grande parte da divulgação é também feita pela imprensa do Partido.
Pelo segundo ano consecutivo o local escolhido para a realização desta iniciativa é a praia fluvial de Porto de Rei. No ano passado foi visível a satisfação com o local por parte dos participantes. Essa satisfação foi importante na escolha para este ano?
É um local muito bonito, com muito boas condições, além de que foi um local onde, tanto no ano passado como neste, tivemos um apoio excepcional por parte da Câmara Municipal, da GNR, Protecção Civil e do Corpo de Bombeiros! Já se repetiram outros locais antes, mas nunca em 2 anos consecutivos. Também contou, para a repetição deste local, o facto dos membros desta Comissão estarem envolvidas em mais actividades políticas da CDU, sendo que este ano é excepcionalmente mais complicado. Contamos com os 3 actos eleitorais, com a nossa festa do Avante, entre outras iniciativas a nível local e regional, o que acresce o trabalho das camaradas da Comissão. Por isto tudo, e como a resposta dos participantes foi muito positiva, resolvemos voltar este ano a Porto de Rei, em Resende.
Sendo uma iniciativa das Mulheres CDU do Porto, a elevada e variada participação, dá a perceber que este passeio já “passou as fronteiras”. Notas que a participação se tem diversificado de ano para ano?
A mobilização é extensível a todo o colectivo da CDU, sendo por isso participada por muita gente residente fora da cidade do Porto. Notou-se este ano que o espírito do passeio, que havia, se calhar, arrefecido um bocado nos últimos anos, se reavivou com o festejo dos 20 anos, e sobretudo com a onda de apoio à CDU que se sente em crescente!