Dois pesos e duas medidas: Rui Rio e a simultaneidade das eleições autárquicas e legislativas
Nos últimos tempos, e procurando dar argumentos ao Presidente da República para agendar para o mesmo dia os próximos actos eleitorais autárquico e legislativo, a Presidente do PSD tem-se multiplicado em afirmações públicas defendendo as vantagens dessa solução.
Baseada no princípio demagógico da “diminuição” dos custos e do “combate” à abstenção, esta posição do PSD mais não visa do que, numa manobra tacticista, retirar benefícios eleitorais da concentração dos dois actos que, naturalmente, iriam prejudicar, em especial, o debate autárquico.
De facto, a concentração numa única data destes dois actos eleitorais iria impedir uma discussão aprofundada dos diversos projectos para os diferentes Municípios e freguesias, que seriam “abafados” pelo debate dos projectos nacionais.
Mas a prova evidente do tacticismo da Direcção do PSD é o facto de, ainda recentemente (18 de Outubro de 2008), o dr. Rui Rio, 1º Vice-Presidente do PSD, ter defendido publicamente, no colóquio internacional O Sistema de Governo das Autarquias Locais, promovido pela Universidade Atlântico em Porto Salvo que: “que se deveria acabar com as eleições autárquicas todas no mesmo dia, porque, sendo dispersas, nunca têm uma leitura nacional”.
Para, mais à frente, propor “a definição de um novo calendário para eleger os presidentes das Câmaras e Juntas de Freguesia permitiria reflectir mais profundamente sobre a situação de cada concelho”.
Ou seja, Rui Rio para além de não defender a coincidência de eleições locais com eleições nacionais até defendia que as eleições autárquicas não se deviam realizar no mesmo dia para possibilitar uma leitura mais isolada do significado dos resultados alcançados em cada Município!
Assim se vê a demagogia tacticista da Direcção do PSD, mas também a hipocrisia política de Rui Rio que, defendendo publicamente uma posição sobre esta matéria há menos de um ano, agora se “cala como um rato”, colando-se, cúmplice, como 1º Vice-Presidente de Manuela Ferreira Leite, à posição completamente contrária da sua líder.
A CDU – Coligação Democrática Unitária desafia Rui Rio a justificar publicamente (mais) esta cambalhota política, sob pena de, não o fazendo, se concluir que, afinal, a sua palavra nada vale.
Porto, 26 de Junho de 2009
A CDU – Coligação Democrática Unitária/Cidade do Porto