CDU propõe habitação cooperativa para combater a desertificação do Porto
O candidato da CDU à presidência da Câmara do Porto, Rui Sá, aposta no cooperativismo como forma de combater o êxodo de população do centro da cidade. “Nós temos que alargar o movimento cooperativo”, apelou, anteontem à noite, na primeira sessão de um ciclo de debates organizado pela Fundação Spes. O ciclo contará, nas próximas semanas, com a participação dos outros candidatos à presidência da câmara e apresenta a particularidade de as perguntas serem feitas por representantes das juventudes partidárias sobre temas como Educação, Acção Social e Cultura.
Rui Sá, que se recandidata pela terceira vez, baseia-se num exemplo para propor mais cooperativismo. “Entre 1981 e 1991, a única freguesia do Porto que cresceu em população foi Aldoar, por causa do movimento cooperativo. Porquê? Porque as habitações são mais baratas e as pessoas saem por causa de casas mais económicas.”
Rui Sá considera ainda que se deve construir habitação social nova, ao contrário do actual executivo PSD/CDS, que prefere remodelar. “Eu acho que temos de construir mais bairros sociais e diferentes dos que temos. Mas, ao mesmo tempo, a câmara não deve ser proprietária de mais habitação e deve vender habitação social”, explicou. Quanto à reabilitação, considera que esta deve abranger o exterior e o interior das casas e que deve ser acompanhada de trabalho social junto das famílias.
O candidato da CDU acredita que mais cooperativismo e habitação social nova contribuiriam para evitar a perda de população no centro do Porto, que disse ser de “12 pessoas por dia”. Falou de “uma região Donut, com um buraco no meio e preenchida à volta”. E para o actual vereador da CDU na Câmara do Porto esta realidade provoca problemas como “a perda real da influência do Porto, uma população envelhecida, um comércio mais fraco, emprego a diminuir, centros de decisão económica a sair e assimetrias muito grandes – uma cidade de muito pobres e muito ricos”.
Rui Sá referiu-se também ao extinto programa de combate à toxicodependência Porto Feliz. Tema a que o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, também regressou recentemente com críticas ao Governo pelo corte de financiamento que levou ao fim do Porto Feliz. Para Rui Sá, o Porto Feliz devia continuar a ser apoiado pelo Governo, na sua vertente de combate à toxicodependência, mas considera-o um “fracasso” ao nível da erradicação de arrumadores. “Acho que Rui Rio agarrou a contestação ao Governo, porque ele sabia que não ia tirar mais arrumadores da rua”, afirmou.
Notícia In jornal “Público”, 24.06.2009