“O Futuro do Metro do Porto” Intervenção do deputado da CDU Belmiro Magalhães na Assembleia Municipal

Texto da intervenção do deputado da CDU na Assembleia Municipal do Porto sobre as questões relativas ao futuro do Metro do Porto e aos planos de expansão da rede:

A vinda do Ministro das Obras Públicas ao Porto para uma reunião com a Junta Metropolitana veio confirmar que o projecto de expansão do Metro nesta região é mais um dos instrumentos da discriminação do distrito do Porto e da sua população, que estão a sofrer, em termos económicos e sociais, as consequências graves da política que vem sendo desenvolvida.

Para o actual Governo não interessam os compromissos outrora assumidos.

Denunciamos na altura as previsíveis consequências da assinatura do Memorando de Maio de 2007 e, infelizmente, a vida veio mostrar que tínhamos razão!
Esse protocolo de entendimento significou a capitulação da Junta Metropolitana do Porto perante os propósitos centralizadores do Governo e a abdicação das suas competências de decisão na administração da empresa do Metro.

Por isso, sendo legítimos e compreensíveis os protestos do Sr. Presidente da Junta Metropolitana do Porto, seria também adequado que conjuntamente com os restantes membros da Junta reconhecesse que em Maio de 2007 tiveram um enorme erro de cálculo que se traduziu em gigantescos prejuízos.

Os Srs. cederam, e como então previu o PCP, os resultados estão à vista!

A Junta Metropolitana tem em vários dossiês posturas contraditórias. Não se compreende que a Junta Metropolitana, aceite abdicar de legitimas competências na condução do projecto de expansão da rede do Metro em detrimento do centralismo do governo, e no caso do Aeroporto, ao invés de se bater contra a privatização da ANA, represente um papel activo num eventual processo de privatização do Sá Carneiro.

Com a assinatura do referido protocolo, o Sr. Presidente da Junta Metropolitana e Câmara do Porto “perdeu pau e bola”! Aceitou a perda de capacidade de influência em troca de promessas que o Governo acabou por não cumprir!

Não era inevitável a aceitação do memorando de Maio de 2007, da mesma forma que não é inevitável a aceitação das novas propostas do Governo!

Agora, volta-se a esquecer os prazos que tinham sido estabelecidos antes, para se definirem novas metas. Tudo vai sendo adiado.

Vejamos os casos:

Na cidade do Porto a linha da Boavista, que deveria começar este ano, segundo o memorando de 2007, será adiada para nova discussão daqui a 20 anos.

Na Trofa e na Maia a população ficou sem o comboio que ligava à Trofa/Maia/Matosinhos/Porto-Trindade em 2002 para receber o Metro a curto prazo. Agora o Governo propõe a chegada do Metro em 2012.

Gondomar é o concelho da Área Metropolitana do Porto cujos movimentos pendulares para o Porto são mais demorados devido à falta de qualidade dos transportes e à grande procura (mais de metade da população activa trabalha fora do concelho). O Governo propõe que as freguesias urbanas pior servidas de transportes públicas (Valbom e S. Cosme) recebam o Metro apenas em 2018.

Em Vila Nova de Gaia o Governo reconhece a prioridade de constução da linha até Vila D’Este mas aponta a sua conclusão para 2022. A ligação a Laborim, que José Sócrates prometeu a sua construção imediata, acaba adiada para 2012.

Em Matosinhos, sabendo-se da sobrecarga de tráfego no percurso Senhora da Hora/Trindade e sendo consensual a urgência de construção de alternativas, o Governo atira a linha de S. Mamede de Infesta para 2014.

Agora, quando não estão cumpridas as fases aprovadas, aponta-se para uma terceira fase com um horizonte distante que quase apetecer dizer que é para não se fazer nada. Invocam-se estudos que ninguém conhece para alterar decisões já tomadas.

Exmos Srs.,

O Governo procura iludir os mais distraídos!

Estudos, é sempre preciso mais estudos. Invoca-se a necessidade de mais e mais estudos, sempre com a consequência do adiamento ou da inviabilização do que já havia sido decidido.

O representante do Eng. Sócrates na região, o Sr. Renato Sampaio, através de um artigo publicado veio criticar a “campanha de desinformação e mistificação” contra o Governo. É preciso ter cá uma “lata”! Depois do “show off” que o Governo e o PS fizeram para “enrolar na cantiga” a região do Porto, vir agora com esta conversa!

Para terminar este tema, permitam-me chamar a atenção para duas contradições que julgamos merecer a pena serem referidas.

  1. Ainda este fim-de-semana, todos vimos o Eng. Sócrates, aqui no distrito do Porto, a referir-se ao investimento público como algo de fundamental no actual momento difícil que atravessa a nossa economia, mas depois, aqueles investimentos que de facto interessam, como a expansão do Metro, são adiados!

  2. Por outro lado, temos o Presidente da Câmara e Junta Metropolitana do Porto a exigir a expansão do Metro, quando o PSD nacional, a mais alto nível de responsabilidade, é avesso ao investimento público.

Diríamos que estamos perante duas adaptações conjunturais da mesma forma estreita de ver a região e o país.

 

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